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segunda-feira, 2 de abril de 2018

CRIAÇÃO DA ZONA DE LIVRE COMÉRCIO CONTINENTAL (ZLAC)




Enquanto o mundo assiste às sucessivas guerras comerciais lançadas pela administração norte-americana, bem como às negociações do Brexit, quase não se deu pela boa notícia da criação de uma zona de comércio livre criada sob os auspícios da OUA.

Reunidos nos passados dias 17 a 21 no quadro da cimeira extraordinária da organização pan-africana, em Kigali, 44 dos 55 Estados-membros da União Africana assinaram um acordo que prevê lançar o Tratado de criação da Zona de Livre Comércio Continental (ZLEC ou AfCFTA, consoante se considere a sigla francesa ou a sigla inglesa).

Trata-se de uma zona de comércio que inclui algumas das economias mais dinâmicas do mundo, com um PIB de 2.500 mil milhões de dólares (2.030 mil milhões de euros). Albert Muchanga, Comissário da UA para o Comércio e Indústria, defendeu que a indústria africana e a classe média do continente vão beneficiar com a eliminação progressiva dos direitos alfandegários entre os membros da ZLEC, lembrando o potencial da ideia, uma vez que apenas 16% do comércio dos países africanos é feito no continente.

“Se acabarmos com os direitos alfandegários, até 2022 o nível de comércio intra-africano aumentará 60%, o que é muito, significativo”, disse Muchanga.

Ainda é cedo para conhecer o impacto desta zona de comércio livre quer nas trocas intra-africanas, quer nas trocas com o resto do mundo e, em particular, com a Europa e Portugal. Mas pela sua dimensão merece a maior atenção  e, em particular, por parte de Portugal, já que Angola, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe estão entre os países aderentes, o que significa que esta decisão vai ter um grande impacto na CPLP.


Lista de países aderentes (PDF)

sexta-feira, 2 de março de 2018

NUVENS NEGRAS NO COMÉRCIO ENTRE EUA E UE

«As taxas de importação prometidas por Washington sobre o aço e o alumínio que entrem nos EUA vão merecer uma resposta "firme" por parte da União Europeia. "Não vamos ficar sentados e quietos enquanto a nossa indústria é atingida com estas medidas injustas que colocam em risco milhares de postos de trabalho na Europa", garante o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Na quinta-feira, o Presidente dos EUA, Donald Trump, aproveitou um encontro com industriais do sector metalúrgico na Casa Branca para anunciar que vai impor taxas de 25% nas importações de aço e de 10% nas importações de alumínio a partir da próxima semana e durante “um longo período de tempo”. A União Europeia (UE), pela voz de Juncker, promete ripostar para "defender os interesses" europeus e "reequilibrar a situação".

Não é por falta de aviso que Washington enfrenta agora a ameaça de uma guerra comercial. A imposição de taxas sobre a importação daqueles produtos visava sobretudo as compras à China, mas países tradicionalmente aliados dos EUA, como o Canadá (que é de resto o maior fornecedor dos norte-americanos) e outros estados europeus serão igualmente afectados pela política proteccionista defendida pela Administração Trump. “Vamos impor taxas nas importações de aço e alumínio”, garantiu o Presidente norte-americano durante a reunião com os executivos da indústria metalúrgica. “Algures na próxima semana irei assinar [a ordem]. E vamos estar protegidos pela primeira vez em muito tempo”, salientou.»

in Público

Depois de ameaçar o NAFTA, de abandonar o Acordo Comercial Ásia-Pacífico e de pressionar a China, a administração norte-americana lança mais nuvens sobre o comércio internacional, abrindo agora uma frente da sua guerra comercial, desta vez promete cobrar taxas elevadas na importação de aço e alumínio.
Se o quadro das relações comerciais da EU já estava ensombrado com o Brexit e o novo alinhamento do Reino Unido com os EUA, esta ameaça norte-americana pode desencadear uma guerra comercial, pondo em causa muitos dos progressos alcançados na ultima década com as negociações multilaterais promovidas no quadro da Organização Mundial de Comércio.
Ainda é cedo para se perceber se o objetivo dos EUA é mesmo aplicar aquelas taxas de direitos aduaneiros ou se pretende fazer pressão no sentido de obter ganhos no quadro de negociações com a EU. Uma coisa é evidente, estas ameaças aumentam a incerteza e esta é um grande inimigo dos investimentos. A ameaça de uma guerra comercial alargada a outras gamas de mercadorias vai levar ao congelamento de muitos investimentos dos dois lados do Atlântico e isso é mau para o comércio internacional e para o crescimento das economias.